Para melhorar a sua experiência na plataforma e prover serviços personalizados, utilizamos cookies. Ao aceitar, você terá acesso a todas as funcionalidades do site. Se clicar em "Rejeitar Cookies", os cookies que não forem estritamente necessários serão desativados. Para escolher quais quer autorizar, clique em "Gerenciar cookies". Saiba mais em nossa Declaração de Cookies.

Pular para conteúdo principal

DPE e demais instituições decidem pela criação do Fórum Estadual da Diversidade Sexual e de Gênero

Publicado em:

Criação do Fórum foi decidida na tarde desta terça-feira, 10, durante reunião sobre a situação das presas transexuais no Estado.

“Sou uma pessoa que passou pela situação de rua, cadeia, internato, exploração sexual, prostituição, ou seja, tudo o que a sociedade desejou para mim. Fui presa aos 14 anos porque determinaram que dentro de uma cela com nove homens, eu aprenderia a ser homem. Quando uma transexual cai no sistema, não é o que a gente aqui fora determina, mas é o que quem está dentro do sistema prisional determina” – Karen de Oliveira, Coordenadora do Grupo Comcil (Comunidade Cidadã Livre).

Com as palavras ditas acima, Karen de Oliveira iniciou sua explanação sobre a situação da população trans no sistema prisional rondoniense, em uma reunião convocada pela Defensoria Pública do Estado de Rondônia, por meio do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos e da Coletividade (NUDHC), que contou com a presença de pessoas LGBTQIA+, representantes de diversas instituições, órgãos e secretarias de Estado, como o Secretário de Justiça do Governo Estadual, Marcus Castelo Rito, e o Defensor Público-Geral, Hans Lucas Immich.

“Sejam todos bem-vindos à Defensoria Pública, que está aberta a todos para o debate e para a busca de soluções para a população em situação de vulnerabilidade”, exprimiu Hans Lucas Immich na abertura da reunião, que contou com a direção do defensor público Eduardo Guimarães Borges, coordenador do NUDHC.

Decisão ampliada

A reunião, inicialmente convocada para discutir a situação das pessoas transexuais presas no Estado de Rondônia, resultou em diversas deliberações que ensejaram a criação do Fórum Estadual da Diversidade Sexual e do Gênero. “Uma reunião que tinha um objetivo bem específico acabou se transformando em uma política de Estado para atendimento da população LGBTQI+ em Rondônia”, explica o defensor público Eduardo Borges.

Como explica o Defensor Público, o fórum poderá ter a participação de cinco secretarias estaduais e quatro secretarias municipais, além de contar com entidades que representam o movimento LBGTQI+ em Rondônia (Concil, Somar e o Coletivo Multivozes), e a participação de todas as instituições essenciais à atividade jurisdicional do Estado (Defensoria Pública, OAB, Tribunal de Justiça). “O Fórum vai ser o embrião de um Conselho Estadual de defesa do grupo LGBTQI+”, explicou o Defensor Público.

Demais órgãos apoiam a criação do Fórum

Durante a reunião autoridades de diversos órgãos e instituições posicionaram-se favoráveis à criação do Fórum Estadual de Diversidade Sexual e de Gênero. Representando o Tribunal de Justiça, o juiz titular da Vara de execuções e contravenções penais, Bruno Sérgio de Menezes Darwich, dirigiu algumas palavras de conforto a Karen Oliveira, em razão do tratamento dispensado no passado pelos órgãos de persecução, rogando para que a terrível experiência nos sirva de aprendizado para que algo parecido jamais volte a acontecer.

“Gostaria de dignificar o compromisso da Defensoria com a construção de políticas públicas voltadas à população LGBTQI+ no cárcere. Uma sociedade verdadeiramente justa é aquela que se preocupa com as minorias vulneráveis”, pontou o juiz Bruno Darwich.

O Ministério Público Estadual também se manifestou favorável à criação do órgão. “Acho oportuna e salutar a criação desse Fórum, para melhor discussão das questões afetas e, principalmente, pela participação dos entes, o que deve levar a ações mais concretas”, afirmou a promotora de Justiça, Alessandra Garcia.

O Ministério Público do Trabalho representado pela Procuradora-Chefe, Camilla Holanda, também se mostrou favorável à criação do órgão. “O Ministério Público do Trabalho acredita que o espaço prisional não deve ser destruidor de direitos e sim de ressocialização, e que a efetiva ressocialização acontece por meio do trabalho. O fórum será um importante espaço de discussão de medidas de qualificação e inserção no mercado de trabalho para a pessoa LGBTQI+ presa ou egressa, para que alcancem autonomia financeira, já que os dados indicam que é a falta dessa autonomia é um dos fatores que induz ao crime e a reincidência”, Camila Holanda – Procuradora-Chefe do Ministério Público do Trabalho e Coordenadora Regional da CONA.

“A criação de um espaço interinstitucional, com a participação ativa dos coletivos LGBTQI+, que permita a discussão de ações e políticas públicas para a promoção da diversidade sexual e de gênero, é essencial, especialmente no Estado de Rondônia em que atualmente não há essa instância” – Carlos Lopes – Procurador do Trabalho, Coordenador Regional da COORDIGUALDADE.

Já o representante da Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia, Cleverton Reikdal, também deixou os seus apontamentos. “O Fortalecimento institucional de um conselho LGBTQI+ para a defesa dos direitos e exigência do cumprimento dos deveres é um importante espaço democrático para tornar visível a pauta LGBTQI+ que constantemente vem sendo tolhida por um preconceito e racismo estruturalizado”, pontuou.

Além da Karen Oliveira, representante da Comunidade Cidadã Livre (Comcil), a reunião contou com a presença de Apolo Nunes da Silva, homem trans representante do Coletivo Multivozes. “A reunião idealizou a criação de um Fórum para a implementação e garantias das necessidades específicas para a população LGBTQIA+, visando à necessidade que as pessoas privadas de liberdade desse grupo em questão passam”, comentou Apolo.

Participantes da reunião

Hans Lucas Immich (DPG/RO); Diego Azevedo Simão (Sub DPG/RO); Marcus Edson de Lima (Corregedor DPE/RO); Victor Hugo de Souza Lima (Corregedor Auxiliar DPE/RO); Eduardo  Borges (Coordenador  NUDHC) Roberto Mioto (DPU); Apolo Nunes da Silva (Coletivo Multivozes); Wilson Guilherme Dias Pereira (estagiário do MPT); Anelise S. C. L. de Medeiros (SESAU); Miriam Pereira M. (Conselho de Diversidade Sexual OAB/RO); Camilla Holanda M. da Rocha (MPT); Carlos Alberto Lopes (MPT); Nilma Dória (GMF/TJRO); Rogério Tales da Silva (COMCIL/OAB); Cleverton Reikdal (Conselho de Diversidade Sexual OAB/RO); Ana Valeska Duarte (MEPCT/RO); Karen de Oliveira Diogo (COMCIL); Igor Veloso Ribeiro (PJE); Antônia Uchêr (SESAU); Jaqueline Mainardi (CCEP/RO); Rosangela Hilario (GEPEA AUDRE LORDE/UNIR); Bruno Darwich (VEP/GMF/TJRO); Marcus Rito (SEJUS/RO); Thiago Carvalho F. (ACUDA); Cassiano de Mattos (SEJUS); Niara Silva Dorigão (ACUDA); Alessandra A. Garcia (MP/RO); Bruna Magalhães Santos (Grupo de Pesquisa); Rose Mary Cândido Plans (MEPCT/RO); Auricelia Gouvêr Caetano (Penitenciaria Feminina/ SEJUS); Arine Caçador Martins (CNJ); Valdomiro Silvino de Melo (Gerente Regional I SEJUS); Túlio Rogério de Souza Lima (Gerente de Reinserção/ SEJUS); Bruno Vinícius N. Martins (SOMAR); Luciano Nunes Ribeiro (CNJ); Paulo Daniel Araújo Benito (CEPCT/RO).


Compartilhar

Pular para o conteúdo